Assim, quando o casal coleciona mágoas e feridas amorosas, a outra consequência é que com o passar do tempo, tendem a se enxergar mais através da distorção dos ressentimentos do que como as pessoas que realmente são.
Surge uma distorção do "eu", tanto na maneira de se colocarem um frente ao outro, como de verem um ao outro.
Uma vez que estas imagens distorcidas, se cristalizem será muito difícil dissolvê-las.
Neste momento, dizemos a relação a dois se cristalizou, ficou enrijecida, imobilizada e que a partir dali os conjugês e também os familiares tenderão a contabilizar muito mais - quando existem - os móveis e os imóveis, as aparências e a fachada do que o amor que então, já terá perdido sua cor, seu sentido e sua a vitalidade.
Em tão inóspito território, a plantinha daquele romance cheio de expectativas, excitação e encanto tenderá a se esvanecer empalidecendo-se numa relação em preto e branco, transformando se até mesmo num livro contábil de afetos e desafetos no qual o que se soma são os documentos, registros em cartório, contratos pré e pós nupciais, bem como os papéis judiciais e sociais que sobraram do velho amor abandonado.
Finalmente, com o paredão das mágoas na altura da cabeça, as mentes dos cônjuges já não encontram mais as afinidades, sonhos e excitações que os uniram.
Aspectos inconscientes, interferências familiares, guerras de desgaste e joguinhos de poder reflexos de alianças com um passado não revogado, terão engolido o relacionamento e a separação conjugal se torna iminente.
Nesta cenário, a única movimentação observável é a de marido e mulher virando a face um para o outro, aberta ou encobertamente.
O risco derradeiro para o casamento cujos problemas foram sendo continuamente acumulados debaixo do tapete de uma rotina diária mal administrada é o de que o casal se afaste mais e mais chegando a se perderem um do outro, temporaria ou definitivamente.
E assim...através do muro erguido com cada um dos tijolinhos dos conflitos e ressentimentos não-elaborados e não-negociados lá se vai o potencial de felicidade contido naquela união de corpos e de almas.
Que pena!
Mais uma relação que poderia ter sido diferente, que poderia ter sobrevivido às pressões sistêmicas, às infantilidades dos cônjuges, ao seu despreparo para a vida a dois e familiar.
Mais uma relação que se perde... e que poderia ter tido seu curso guiado para o Caminho da Felicidade...
Um curso que não é fácil, que é cheio de imprevistos, de dificuldades pessoais, de manobras familiares conscientes e inconscientes, mas, principalmente um curso para o qual os cônjuges precisam estar preparados e orientados, se quiserem alcançar a tão desejada paz e harmonia familiar.
Portanto, cônjuges:
"NÃO ACUMULEM RESSENTIMENTOS, LIMPEM A RELAÇÃO SEMPRE QUE NECESSÁRIO. ISTO DÁ TRABALHO, MAS, É VITAL PARA A SAÚDE E VITALIDADE DA PARCERIA AMOROSA ! "
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Grata.
Valéria Giglio Ferreira
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