Celebre e agradeça a vida como grande bênção...

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Deus ilumine o Brasil e o mundo, em nome de Jesus Cristo! Amém!

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Parabéns, Srs. juizes...Continuem assim. Cuspam bastante na cara do povo...Ignorem bastante o sofrimento do povo saqueado e, depois, acertem as suas contas com o Universo: vocês e seus\suas comparsas em roubar a população. Mas, não se enganem: o Universo, a seu tempo, fará a justiça prevalecer...

sábado, 18 de fevereiro de 2012

REFLEXÕES E HISTÓRIAS SOBRE O BULLYING

HISTÓRIAS DE BULLYING
Por Valéria Giglio Ferreira - Psicóloga

Creio que algumas crianças aprendam a reproduzir o bullying que assistem e do qual, muitas vezes, são alvo.

Já outras crianças, possivelmente mais dóceis, se calam estarrecid

as diante dos agressores, deprimem e frequentemente, se tornam alunos/as improdutivos/as, se não, definitivamente, por um período: até juntarem forças, metabolizarem e entenderem o que aconteceu recuperando sua autoestima e autoconfiança.

Esse resgate, em geral, ocorre com a ajuda de alguém que a vida providencia e que se ocupará de lhes espelhar seu cisne interno, suas capacitações e potencialidades, como tão bem retrata a estória "O Patinho Feio".

Em meu entendimento, "O Patinho Feio" é um personagen que exemplifica claramente a história das vítimas de bullying, mas, somente daquelas que conseguiram superá-lo atravessando a barreira das devastadoras feridas narcísicas que ele deixa.

No que diz respeito às crianças que aprendem esses modelos de comunicação agressiva e os reproduzem, diria que isso é assimilado primeiramente na relação com seus próprios familiares, mas, também com determinados tipos de professores/as que em nome da "boa educação" despejam sobre as crianças suas frustrações e violências contidas, projetando nos pequenos/as seus aspectos psicologicamente sombrios - como o fazem também muitos pais, mães, babás, etc.

Essas crianças apenas passam a utilizar socialmente as regras de convivência que aprenderam com os adultos que lhe são próximos, tomando isso como o certo e o normal entre os humanos. São meros reprodutores do que lhes ensinam.

E muitas, passam de agredidas a agressoras num ciclo que se auto-perpetua: de abusados/as a abusadores.

Precisamente nesse ponto vejo a necessidade urgente da reeducação de adultos, especialmente, no que diz respeito à PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA sendo substituida pela COMUNICAÇÃO ASSERTIVA.

Bullying é o assédio verbal, físico, psicológico e emocional diante dos indefesos/as.

- Tudo em nome da "boa educação", da normatização social, da supressão das diferenças humanas, da exclusão do diferente para menos ou para mais.

E embaixo desse véu da "boa educação" está a loucura oculta, reprimida e mal-tratada de tantos adultos: pais, mães, professores, etc e suas crianças interiores.

Lembro-me de eu própria de ter sido vítima de bullying.

Até hoje, recordo-me claramente das cenas de agressão psicológica e moral em que a professora Gilda P. de F., de matemática, da escola de freiras... admirada por ser "linha dura, ela" jogava sua sombra e sua loucura sobre mim. Recordo-me da exposição a que me submetia e de sua cara de má.

Graças a ela e a mostruosidade do que ela fez comigo, fui, a partir dali, acometida por uma severa ansiedade de desempenho desembocada em uma Síndrome de Pânico que perdurou décadas.

Em minha estrutura emocional de criança, o que conclui com aquela experiência de bullying e de agressão encoberta pelo véu da pedagogia barata vinda da "professora-monstro" foi que "a despeito do que você esteja sentindo ou passando que possa te fragilizar para a produtividade escolar ou para o desempenho em público, há pessoas neste mundo que não tem piedade para com quem fracassa - mesmo que essa pessoa seja uma criança cheia de problemas pessoais e familiares e, portanto, diante delas, ou você faz sucesso ou será inevitavelmente um excluido, um segregado/a social", exatamente como havia acontecido comigo naquele difícil ano.

Lembrando ainda que em muitos casos, é deste tipo de situação que decorre o desenvolvimento da chamada "PERSONALIDADE TIPO A": aquela em que os indivíduos ficam mais expostos à cardiopatias em virtude de terem sido "informados" por alguma situação disfuncional, de que só seriam amados/as se fizessem sucesso, tendo muito dinheiro e fama; então, para serem amados/as e não serem abandonados nem terem seu "coração partido" pelo rompimento com o ser querido, jogam tudo no desempenho de alta performance, o que costuma, por conseguinte, expor demasiadamente a saúde de seu coração... Aí então, só Jesus Cristo para proteger e mudar o rumo da vida!

Mas, voltando à prof. Gilda, o curioso é que em minha ingenuidade de criança, fiquei espantada quando ela apareceu grávida. É como se na inocência da meninice eu não conseguisse entender como uma pessoa de atitudes tão perversas, tão inimaginavelmente carinhosa com quem quer que fosse pudesse ter conseguido algo tão sublime como conceber e gerar uma criança! Lembro-me de ter ficado espantada quando a vi barriguda. Eu ainda não sabia que concepção não depende de bondade!

Assim, a revelação dos mistérios da matemática só fui aprender no ano seguinte com uma mestra, doce, meiga, vocacionada para o ofício de ensinar - Dona Mirta. Mas, como ser anti-pedagógica e o que jamais fazer como professora ficou muito claro naquela experiência com a G.

Não citarei o seu sobrenome da professora-monstro em respeito a ela - o respeito que ela não teve por mim.

Cada um com a sua natureza...

Deste modo, incluiria entre as vítimas de bullying, crianças com uma maior sensibilidade interpessoal, de bom coração, treinadas para respeitar o próximo, e que, por muitos motivos pessoais e de criação, não desenvolveram "imunidade social" para lidar com pessoas competitivas e agressivas, quanto mais se estiverem encarnando figuras de autoridade.

Diante delas, não sabem o que fazer, ficando paralizadas e tornando-se, então, vítimas da situação.

Dentro de sua auto-referência infantil, concluem que não são boas o bastante para serem admiradas e queridas e que merecem ser destratadas.

Crianças pequenas não sabem e nem percebem que estão sendo vítimas de bullying.

Para protegerem seu delicado psiquismo, os infantes não podem nem cogitar que de quem deveriam esperar aconchego e proteção recebam arbitrárias agressões. Isto seria disruptivo demais para o seu, ainda vulnerável, funcionamento psíquico.

Crianças não tem esse conceito internalizado, nem a consciência de que adultos ou coleguinhas podem "sem motivos" se tornar agressivos, expulsivos, rotuladores, inibidores, intimidadores.

Apenas vivenciam aquilo, se entristecem, deprimem, tomam a culpa para si e não sabem identificar que algo pode estar errado - não com elas, crianças - mas, com o comportamento da professora, dos coleguinhas, do pai, da mãe, etc.

Frequentemente, não sabem nem mesmo identificar ou nomear o que lhes esteja acontecendo de modo a contar isso para alguém.

Muitas outras vezes, nem tem para quem contar: alguém que lhes dê suporte, a quem possam recorrer, alguém a quem confiar seu sofriemento ou sua segurança.

São os casos de crianças abandonadas pelo pai e/ou pela mãe ou que não foram abandonadas literalmente, mas, vivem em estado do que chamamos de "abandono doméstico":pai e mãe estão alí, mas, não desempenham a função de contorno e proteção que lhes compete.

Com frequência - mas nem sempre - essa agressão que certas crianças vivenciam na escola ou na rua é tão somente uma reprodução daquilo que já experimentaram, encoberta ou abertamente, em casa...

Não temos como controlar o comportamento do mundo a não ser por força da lei e de medidas punitivas...para os casos em que se tem provas.

Mas, cabe a nós adultos, pais, mães e educadores tentarmos proteger nossas crias estando perto e ensinando-as a se defenderem a partir do desenvolvimento do que chamo de "imunidade social".

A "imunidade social" é a capacidade de identificar e se defender de possíveis agressores sociais, sejam eles, colegas, amigos/as, familiares, estranhos, etc.

O desenvolvimento da "imunidade social" implica, primeiramente, em as crianças fortalecendo sua autoestima e autoconfiança.

De nada adianta exigir bons tratamentos fora de casa e agredi-los em casa.

Mas, também não rotulá-los e não permitir que outros os/as rotulem.

E ainda, enfatizar suas qualidades e espelhar o que tem de bom -seus dons - ajudando-os a se protegerem dos ataques bulínicos pelo ensinamento de como terem respostas adequadas a esses ataques.

Pois, o que machuca é quando a agressão do outro entra e é internalizada como sendo verdade.

As crianças precisam aprender a reconstruir o significado de certas coisas nocivas que os adultos lhes dizem e esta transformação da situação ou do significado está calcada na positividade tanto de sua autoimagem quanto de sua autoestima.

É preciso ajudar os pequeninos/as a relativizarem a suposta verdade do que os outros lhes dizem, inserindo em sua mente os outros elementos que irão compor a construção do valor de cada ser.


© amar@gmail.com
Todos os Direitos Reservados*.
Lei nº 9.610/98 - Lei de Direitos Autorais

Este texto pode ser reproduzido desde que se faça referência à autora e à fonte.
Modo de citação sugerido:
Ferreira, Valéria Giglio - Blog AMAR- EDUCAÇÃO CONJUGAL E FAMILIAR


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A SÍNDROME DO NINHO VAZIO




Por Valéria Giglio Ferreira - Psicóloga

Gostaria de iniciar a pauta da "Síndrome do Ninho Vazio" com um ditado "psy" que diz: "...os filhos são mestres em transformar marido e mulher em pai e mãe vinte e quatro horas por dia".

Mas esta é apenas uma parte da questão.

A outra é que se inúmeras vezes marido e mulher se deixam levar pelo excesso de solicitação dos filhos/as, também fazem isto por motivos pessoais, motivos que lhes são próprios e que dizem respeito à dinâmica de seu casamento.

Dar mais atenção aos filhos/as do que ao cônjuge também remete às facilidades e atalhos que cuidar mais dos filhos/as do que de seu casamento traz como fonte amenizadora de ansiedades e como fonte de homeostase (equilíbrio) para suas disfunções conjugais e familiares.

Explicando melhor: via de regra, é mais fácil se relacionar com os filhos/as do que com o/a parceiro/a, pois, a relação entre pais/mães e filhos/as é de natureza hierárquica e no limite dos conflitos os progenitores mandam e suas crias obedecem; todavia, com a relação a dois é diferente, porque sendo natureza simétrica não há como os parceiros mandarem um no outro, de modo que tudo tenha que ser negociado e isto, com certeza, dá muito mais trabalho, implicando ainda em colocar-se num estado de maior vulnerabilidade física e emocional.

Um outro fator é que as relações com os filhos/as tem a proteção da consanguinidade e da filiação e a relação conjugal não possui este dispositivo, sendo portanto, uma relação mais vulnerável e susceptível à rompimentos, o que costuma desencadear desconfianças que dificultam em muito a entrega - requerida e pressuposta em tão íntimo e profundo envolvimento.

Assim, por estes e por tantos outros fatores, muitas vezes, marido e mulher se ligam mais aos filhos/as do que um ao outro.

Enfraquecem o casal conjugal e fortalecem o casal parental contando com a questionável premissa de que os filhos/as talvez possam "amarrar, colar, segurar o casamento de seus pais".

Mas, sabemos que não.

Sabemos, que os filhos/as até podem segurar o CASAL PARENTAL, ou seja, segurá-los como pai e mãe morando na mesma casa, mas, jamais conseguiriam segurar o CASAL CONJUGAL.

Os filhos/as jamais seriam capazes de preservar o desejo, a atratividade, o carinho e a vontade dos cônjuges de compartilharem suas almas um com o outro.

Esta é tarefa do próprio casal.

Os filhos/as jamais poderiam - nem deveriam - se incumbir de realizar tal missão.

Então, ao longo de décadas de não-cultivo da planta amorosa, de não a regarem, de não a podarem, de não a adubarem, este descuido para com a relação conjugal amorosa tende, pouco-a-pouco, a enfraquecê-la e até esvaziá-la.

As consequências desta dinâmica começam a se manifestar mais claramente quando a família chega à fase adulta das crias: os filhotes cresceram e estão prontos/na hora de deixar o ninho dos pais.

É com a iminência da saída deles que o casal se dá conta de seu casamento gravemente desvitalizado, esvaziado.

Surge a chamada SÍNDROME DO NINHO VAZIO: nela encontra-se a possibilidade de um casal novamente a sós e com seu relacionamento a dois perdido em décadas de abandono conjugal recíproco.

Verifica-se então, um ninho vazio da presença dos seus filhotes, mas, também vazio de afeto, afinidades, admiração, desejo, carinho, etc. entre marido e mulher.

Neste momento, a tendência do tipo de casal que deixou de cuidar da relação para se dedicar somente a outras coisas, principalmente, ao cuidado único e exclusivo com prole é a de segurar um ou tantos quantos possíveis dos filhotes no ninho PARA EVITAR O CONFRONTO COM UMA RELAÇÃO QUE PERDEU SEU MOVIMENTO, SUA DANÇA, SEU SENTIDO, SUA VALIDADE, INTIMIDADE E SUA GRAÇA.

Graça no sentido de a relação ser vista como benção, mas, também, como diversão, como lúdica, prazerosa, satisfatória.

Nesta hora, muitas vezes, as afinidades que haviam unido o casal lá trás, foram esquecidas ou deformadas pelo peso do distanciamento físico e afetivo.

O olhar de ambos já não pode se encontrar, pois, descortinaria tantos e tantos ressentimentos acumulados entre brigas mal-resolvidas e satisfações não alcançadas, que o toque das mãos virou tabu e coisa do passado...de um passado de desejo e encanto que não ousam lembrar mais.

Neste estado, a relação costuma apresentar problemas não-resolvidos que o tempo cronificou e cristalizou.

Nesta altura, as brigas não costumam ser para resolver conflitos, mas, para reiterar a imagem distorcida que cada parceiro/a construiru do outro e a qual fazem questão de confirmar no dia-a-dia do relacionamento - para si e para os de fora: "seu pai é assim...sua mãe é assim...".

De modo geral, todos os filhos/as, mas, costumeiramente um deles mais do que os outros, passa a ser refém do casamento falido desses pais.

Este filho/a eleito, que passa a ter a função de "cola" e/ou compensação do casamento quebrado ou rompido de seus pai, vai desenvolvendo os sintomas típicos deste emaranhado familiar: dificuldade de ter vida própria, seguir seu caminho individual e ser feliz em sua própria parceria amorosa.

A um filho/a nesta situação - de maneira consciente ou inconsciente - não é dada permissão para que se desenvolva com naturalidade em direção a sua vida adulta, principalmente, quanto a ter sua própria família e/ou assumir funções profissionais o levaria para longe do ninho parental.

Seu conflito é: se ele sai do ninho imagina que estará abandonando os pais um ao outro, e disto costumam decorrer imensos sentimentos de culpa e de ameaça a respeito do que será deles na sua ausência.

Nesta posição de prisioneiro inconsciente do casamento disfuncional dos seus pais, este filho/a costuma iniciar um processo de acusar de abandono e descaso os irmãos que escaparam ao cerco familiar, pois, alegam que eles deixaram os pesados pais a seu único cargo.

A contrapartida é que esses filhos usualmente, são os chamados/as "queridinhos de papai e mamãe", mas, o preço desta honraria e distinção é muito alto e muitos não tem a consciência disto, nem a coragem de deixar o "conforto" das opressoras, mas, protetoras asas parentais para ver o mundo sob sua própria perspectiva.

Assim, temos alertado os casais sobre a necessidade de reversão desta dinâmica familiar destrutiva e doentia, de modo que marido e mulher possam fortalecer o vínculo conjugal e lá na vida adulta de seus filhos/as não se sintam tentados a retê-los no ninho em prol de protegê-los ou de proteger seu próprio casamento: ESTA NÃO É FUNÇÃO DOS FILHOS/AS.

A prinicipal maneira de evitar ou, pelo meos, tentar minimizar os efeitos nocivos da "Síndrome do Ninho Vazio" é o casal se conscientizar de que marido e mulher precisam assumir que seu casamento é responsabilidade sua e zelar por ele e pela vitalidade da relação conjugal desde o seu princípio até os anos da velhice, se assim for, ou, tanto quanto ele durar com seus erros e acertos.


 

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Relacionamentos Sustentáveis



Precisamos aprender a AMAR.


Não um amor de qualquer jeito, um amor consciente ou inconscientemente doentio.


Precisamos aprender a AMAR e a construir "relacionamentos sustentáveis", que respeitem o desenvolvimento individual, conjugal, familiar, coletivo e planetário; o micro e o macro-cosmos.  


O amor é "apenas" o potencial, o pré-requisito das relações amorosas, mas, ele precisa ser trabalhado, treinado e direcionado para se manifestar saudavelmente.


Do contrário, se manifesta como pedra bruta, amor rústico, primitivo, cheio de apegos e possessividades destrutivas. Cheio de violências, falta de fronteiras, invasões e até mesmo, porque não dizer, em alguns casos, cheio de vampirismos sobre o objeto amado.


Muitas pessoas adultas amam como quem reedita o sugar do leite materno: absorvendo a energia vital do objeto amado, transferindo esta energia do outro para si e "esvaziando" o outro.


Ao bebê cabe este papel de sugador e tudo está em harmonia e de acordo com a relação mãe-criança. Mas, quando um adulto se põe a sugar a vitalidade e a disponibilidade do outro ou de um sistema, temos aí um amor doentio.


Quando adultos edificam o tipo de amor voraz, este amor, em geral, faz repetir lá de trás, a sua relação mãe-bebê naquilo que ficou de excesso ou vazio dessa relação.


Este sugar o outro é uma das coisas que mais assusta o ser humano no que diz respeito ao mergulho na "piscina da intimidade".


A intimidade é assustadora para muita gente, e não, sem motivo.


Este medo da intimidade se dá devido aos várias receios e assombramentos que insurgem diante da possibilidade da "entrega".


Um deles é o receio abandono, do julgamento, da rejeição, de tudo aquilo que possa expor a alma humana.
 
O outro é o receio no sentido de uma das pessoas ter sua personalidade engolfada pelo outro, de um dos dois ter a sua personalidade descaracterizada pelo outro naquilo que ela tem de singular, em sua subjetividade, em suas particularidades e nuances de ser único.


Deixar-se descaracterizar pelo outro ou descaracterizar o outro na essência de sua personalidade pode ser considerado o limite extremo da disfunção relacional, seja nos relacionamentos a dois, familiares ou sociais.


Nas relações conjugais, por exemplo, ocorre algo que chamamos de "tendência à homogeneização no casamento".


Essa é uma tendência - e uma dinâmica - própria das relações conjugais, através da qual ocorre uma pressão para que os cônjuges se tornem iguais um ao outro e, portanto, homogêneos entre si.


O problema está em que este igual, muitas vezes, pressupõe igual ao mais impositivo da relação, aquele/a que consegue dominar o relacionamento e o outro, modelando-o ao seu jeito e para preencher fundamentalmente suas necessidades e expectativas pessoais.


Tudo isto consciente, semi-consciente ou inconscientemente empreendido.


O mais curioso desta situação de despersonalização de parceiros/as é que ao conseguir descaracterizar o outro, a própria pessoa que o fez costumar se desinteressar pela parceria, alegando que ele/ela  se tornou uma pessoa "sem graça". De fato!


Mas, via de regra, são encaixes: um aprendeu que precisa ceder sempre e o outro aprendeu que precisa dominar sempre. Disto vai surgindo um abismo relacional.


Permitir a descaracterização da essência da personalidade não costuma sair barato para os indivíduos humanos.


Muitos sintomas e distúrbios costumam surgir desta disfunção. É algo sério para ser pensando, ponderado e evitado. Não é bom para ninguém permitir estes desequilíbrios. Em algum momento a vida apresenta a sua conta.


Muitos/as justificam este domínio ao outro com a distorção da premissa darwiniana, dizendo que: "o mundo é dos mais fortes".


Gosto do princípio aristotélico de que sempre buscamos a felicidade.


Mesmo quando erramos.


Assim, é  preciso lembrar que dominar os outros é possível, mas, não leva à felicidade.  


Muitas pessoas cedem ao domínio do outro para repetir relações disfuncionais da primeira infância, com pai e/ou mãe autoritários e dominadores.


Mas, cedem também pela equivocada fantasia de que evitar conflitos gera a paz.


Alguém já disse: "se queres a paz, prepara-te para a guerra".


A paz que vem da submissão perigosa de uma das partes do sistema não é e nunca será paz. É apenas uma falsa paz, que a qualquer momento revelará sua dor e seu preço.


A verdadeira paz vem de relações justas, respeitosas e equilibradas. E isto tem o custo de enfrentarmos os conflitos relacionais e negociá-mo-los, contemplando as necessidades de todos os lados envolvidos na questão.
 
Trazemos do romantismo a ilusória idéia de que "se há amor tudo dará certo"; que só o amor basta para que os vínculos floresçam e perdurem no famoso chavão "...e foram felizes para sempre...".


Em nome deste tipo de amor infantilizado, pais e mães castram seus filhos/as; religiões empreendem litígios por séculos e séculos, fazendo vista grossa ao príncípio bíblico de  "amar Deus sob todas as formas".


Em nome deste tipo de amor imaturo, muitos casais se casam e em seguida se separam, pois, não sabem o que fazer com o seu grande amor quando surgem os conflitos.


As relações amorosas precisam ser conscientizadas, preparadas, treinadas e amadurecidas.


O amor é como um rio que pouco a-pouco vai construindo seu leito. Quando bloqueado - assim como o rio - o amor pode ir para onde não deve tornando-se nocivo.


Ao ser bloqueado em seu fluxo, em seu leito natural, tanto o rio quanto o amor podem ter seu potencial gerador de vida desvirtuados, tornando-se, eventualmente, destrutivos.


Esse bloqueio ao fluxo do amor costuma advir de relacionamentos amorosos rompidos inadvertidamente, intra e/ou extra familiares.


Este contexto de tentar evitar os bloqueios ao fluxo do amor - pelo menos os bloqueios desnecessários e evitáveis -  implica na construção de "relacionamentos sustentáveis" que  respeitem o "impacto ambiental" de constituir e/ou de destruir um vínculo amoroso.


Avaliar o "impacto ambiental" de um relacionamento não é mantê-lo por causa das aparências, da segurança e do patrimônio, com o ônus de ensinar aos filhos/as a paz-armada dentro de casa e o desamor no lar; nem tão pouco, deixar de fazer um vínculo desejável, só por essas mesmas causas.


Por "avaliar o impacto ambiental de montar ou desmontar um relacionamento", refíro-me aqui ao fato de que as pessoas comecem a fazer escolhas de parceria mais conscientes e que levem em conta a relação custo-benefício de cada escolha, de cada envolvimento amoroso, de cada intercurso sexual, responsabilizando-se por arcar com estes custos, cientes de que eles fazem parte daquela escolha sua, bem como, fazem jus - ou não - ao bônus que ela lhe traz.


O que não é sustentável, e portanto, a meu ver tende a ser superado, é o comportamento inconsequente tanto no sexo, quanto no amor.


Esse tipo de comportamento não é sustentável  nem física, nem emocional e nem economicamente.


Maximizando, diria que se cada um dos 6,5 bilhões de habitantes planetários resolver ter vários/as filhos/as com várias/os parceiras/os diferentes, pagando pensão a cada uma destas crianças de diferentes pais e mães, duplicando ou  triplicando suas contas de água, luz e telefone para fazer frente ao sustento responsável de cada uma destas crianças em suas diversas moradias, até que ponto, a médio prazo não teremos uma sociedade falida?!


A idéia de casar é também a idéia de juntar forças, de aumentar a energia para enfrentar a vida, fazendo "shazan" e diminuindo o desgaste deste enfrentamento em prol da sobrevivência.


Casamentos e descasamentos sequenciais tem um alto custo - psicológico, emocional e econômico e precisam ser repensados. Até quando serão sustentáveis? Arcar com a conta de um matrimônio desfeito é uma coisa; de três, quatro, cinco é outra coisa.


Qual o preço disto para a própria pessoa e para os filhos/as de cada uma destas relações?


Ficarão essas crianças mergulhadas no profundo sentimento de desamparo, de abandono doméstico? Ficarão elas com a sensação de serem sobreviventes, à duras penas, das relações ficantes de seus pais e mães e com seus pais e mães?  


O amor e a atração física são energias poderosas, precisamos saber o que fazer com elas usando-as conscientemente. Não estamos mais no tempo das cavernas sujeitos à ignorância das consequências de nossas escolhas amorosas e sexuais.


Portanto, "relações sustentáveis pressupõem que se tenha uma "Ética do Amor e do Sexo".


Evoluimos, e hoje, AMAR - seja o/a cônjuge, sejam os/as filhos/as - tornou-se uma tarefa mais complexa do que somente galantear, prosear, copular, parir e sustentar.


Precisamos "aprende a AMAR".


Assim , aprender a AMAR implica, ainda, num processo interior de buscar o encontro de nosso outro interno, dos nossos aspectos reprimidos e que costumam super-atuar em nossos relacionamentos interpessoais, por meio, principalmente do mecanismo da projeção: acusamos e vemos no outro aquilo que reprimimos e escondemos em nós.


"Relacionamentos sustentáveis" implicam, então, em "recolhermos estas projeções para dentro de nós e trabalharmos conscientemente com elas". Pararmos de atacar nos outros aquilo que negamos e rejeitamos em nós mesmos.


Isto evitaria, e muito, conflitos e guerras projetivas, por meio das quais, uns projetam nos outros seus aspectos psicologicamente sombrios.


Este encontro com o outro interior, com o amante ou a amante interior promove o chamado "casamento sagrado" (hieros gamus)", o casamento místico, alquímico.


O pressuposto é o de que quanto mais harmonioso estiver este casal interno - razão e sentimento - mais harmonioso estará o casal externo.


Dentro disto, lembrê-mo-nos de que em nosso cérebro, há uma região chamada tálamo, a qual  se  localiza na região do encontro de nossos dois hemisférios - direito e esquerdo.


Tálamo,  numa tradução livre do grego que dizer "leito nupcial".


Assim, aprender a AMAR e a construir "relacionamentos sustentáveis" talvez,  requeira de nós, aprendermos a buscar este encontro de nossos opostos complementares - razão e emoção - casando-os.


Mas mais do que isto, talvez, requeira nos colocarmos numa incessante busca dois lados de tudo na existência humana: direito e esquerdo,  masculino e feminino, razão e emoção, ricos e pobres, corpo e mente, natureza e tecnologia, consciente e inconsciente, celeste e mundano...


Creio que somente após o encontro conscientemente trabalhado de nossos dois lados é que poderemos individualmente e como humanidade construirmos "relacionamentos sustentáveis".


Assim, do respeito  e da harmonização de nossos diversos aspectos internos surgirá o respeito pelo próximo em sua diversidade, pois, "assim está fora, como está dentro".


"Relacionamentos sustentáveis" são respeitosos, responsáveis, assertivos; são não-violentos, não-invasivos, não-exploradores. Suas trocas se dão de maneira justa e equilibrada. 


São relacionamentos, nos quais, por meio do enfrentamento, da negociação e da harmonização dos conflitos, a vida  e o desenvolvimento de cada membro do sistema e também do todo são preservados.


Creio que somente neste tipo de relacionamento seremos capazes de vivenciar a bem-aventurança da  união e integração de todas as partes, manifestada como saúde plena, amor e paz; bem como, vivenciar a colheita dos saborosos frutos daí provenientes.



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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CAMPANHA: ALEGRIA SIM, EUFORIA NÃO!




" ...A ALEGRIA DEVE PERMANECER ALEGRIA, NÃO DEVE SE TRANSFORMAR EM EUFORIA..." I Ching 

Obs.: A euforia é um estado perigoso
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