Valéria Giglio Ferreira
Filhos e filhas nascem do aspecto iluminado de seus respectivos pais e mães e por isso se diz "dar à luz" e não, dar à escuridão...
Porém, quando se trata de filhos/as pequenos, se pai e mãe estão na escuridão e nas sombras de seus próprios pais, então, seus filhos\as ficarão com eles nestas áreas sombrias de seu psiquismo pelo menos até que cresçam e adquiram maturidade psicológica o bastante para se dirigirem à luz por si mesmos - ainda que isto represente um afastamento dos pais ou ter que lidar com o sentimento de culpa de recusar-se a compartilhar com eles o mundo da sua escuridão deixando-os respeitosamente onde escolheram permanecer...
A mãe dá à luz e o filho\a recebe a luz...
O parto físico sé dá entre 38 e 42 semanas de gestação.
O parto psicológico se dá entre 38 e 42 anos de idade.
É o que se espera de um desenvolvimento satisfatório.
Sim. Tenho observado que este é aproximadamente o prazo que a vida dá aos filhos\as para que atinjam a maturidade psicológica e se fixem na luz recebida por ocasião do parto físico; entretanto, este é apenas o início da maturidade psicológica e o trabalho de iluminação continuará seguindo para a vida toda...
Para isto precisam desidentificar-se de pai e mãe e manifestarem mais plenamente sua própria luz - o que vem em grande parte da desidentificação principalmente com modelos disfuncionais da infância.
Este é o processo de tornar-se um indivíduo único com raízes na luz herdada de pai, mãe e antepassados\as e ele é sempre vivido como um novo parto, cheio de contrações e sofrimentos para ambas as partes - para pais e filhos - até que sobrevenha o alívio da chegada da nova luz .
Esta luz vem acompanhada do aumento da autonomia e de uma maior definição de personalidade por parte do filho ou da filha.
Sim, "crescer dói, mas, depois que cresce é bom!".
Então, "quando dá os nove meses, ou, quando é chegado o tempo do parto psicológico tem que nascer, porque senão, é risco para a mãe e para a criança..."
Filhos e filhas precisam se libertar de sua solidariedade para com as sombras psíquicas de pai e mãe quebrando a necessidade de: sofrer pelos pais, no lugar os pais ou como os pais, interrompendo assim a repetição neurótica, ou - numa linguagem religiosa - repetição kármica do sofrimento.
A evolução e o desenvolvimento de cada um e da própria humanidade exigem de cada indivíduo ser capaz de romper com o que nos mantinha atados à repetição do sofrimento e isto acontece mediante intensa conscientização e trabalho com a luz, sempre no perseverante no caminho do bem, único caminho possível para a felicidade.
Abandonamos as sombras de nossos pais e nos fixamos na luz que eles nos oferecem: este é o trabalho de enraizamento na luz.
Quanto mais pai e mãe se propuserem a trabalhar sua iluminação, clareando áreas sombrias de sua mente e de seus comportamentos disfuncionais - frequentemente através dos dolorosos confrontos internos e de muita fé - mais luz tenderão a repassar para sua prole.
Recebemos a luz e precisamos trabalhar com ela através das ferramentas que nos foram dadas na forma de talentos inatos: “ A quem muito foi dado, mito será pedido..." (Lc 12, 48).
Uma solidariedade para com as sombras parentais ou para com o que chamamos de "pacto de repetição do sofrimento dos pais" - só geraria mais sofrimento, mais karmas, mais escuridão, o que no limite desagradaria profundamento os aspectos saudáveis dos progenitores.
Apesar de que, muitas vezes, quando os aspectos infantis dos pais estão muito ativos, eles costumam inconscientemente enviar para seus filhos\as a mensagem de que não aceitariam que eles fossem mais felizes do que eles pais. São rivalidades infantis extremamente perturbadoras para a estrutura e para a saúde do sistema familiar.
Mas, a despeito das suas dificuldades pai e mãe "dão à luz" aos seus filhos e filhas e é tarefa dos seus filhos\as receber esta luz e nela permanecer mesmo que os progenitores queiram - ainda que inconscientemente - permanecer mergulhados na sua própria escuridão. Este é um direito deles e os filhos não têm o poder de tirá-los das sombras, pois, ser feliz é tarefa pessoal. A ninguém é dado o o poder de fazer o outro infeliz ou feliz. Esta é sempre uma escolha e uma decisão interna, pessoal e intransferível. Filhos só serão capazes de dar alegria aos seus pais se eles estiverem prontos para receber esta alegria. Caso não estejam, é uma grande perda de tempo forçar isto.
Honrar e amar um pai e uma mãe idealizados é fácil, mas, para amar e honrar um pai e uma mãe que erraram e acertaram é preciso muita maturidade.
Mergulhada em dúvidas filosóficas e religiosas sempre me perguntei: "- mas, afinal, o que é honrar pai e mãe?"
Hoje sei que honrar pai e mãe é receber a luz que eles nos deram e agradecer por ela. Isto é honrar honrar pai e mãe...receber a sua luz...! Nascemos desta e para esta luz!
Agradeço a Deus, ao meu pai e a minha mãe pela luz que me deram...
Eternamente agradeço e nesta luz, Deus permita, me esforçarei para fielmente permanecer daqui para frente, numa busca sincera e verdadeira de amar e honrar meu pai e minha mãe...
Valéria Giglio Ferreira
www.amar.psc.br
*** Este texto pode ser reproduzido desde que se faça referência à autora e à fonte.
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Valéria Giglio Ferreira
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