Celebre e agradeça a vida como grande bênção...

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Deus ilumine o Brasil e o mundo, em nome de Jesus Cristo! Amém!

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Parabéns, Srs. juizes...Continuem assim. Cuspam bastante na cara do povo...Ignorem bastante o sofrimento do povo saqueado e, depois, acertem as suas contas com o Universo: vocês e seus\suas comparsas em roubar a população. Mas, não se enganem: o Universo, a seu tempo, fará a justiça prevalecer...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A "SÍNDROME DE MULHER MARAVILHA"

    Penso que somos uma geração de mulheres que, quando meninas, assistiram demasiadamente ao seriado da super-heroína "Mulher Maravilha" e que isto nos influenciou de maneira substanciosa e deletéria criando um modelo de mulher inatingível para as simples e terrenas humanas.

    Lembro-me de que ela era um ícone de beleza e perfeição: pele clara bem tratada, olhos lindos, cinturinha fina, boca bem desenhada, quadril de violão. Boa profissional, inteligente, sensível, sempre impecavelmente vestida, rápida nas respostas e com uma prontidão incrível para solucionar com justiça e graça problemas nas mais diversas áreas da vida.

    Creio que este modelo de "mulher perfeita" seja, atualmente, aquilo que a maioria de nós busca ser.
    Até o dia em que, sobrecarregadas de  frustrações  e cansaço - quando não, enfrentando sintomas de todos os tipos: físicos e psicológicos - nos vemos obrigadas a rever a viabilidade deste projeto desumano.

    É estonteante o número de pessoas do sexo feminino que caem nessa armadilha invisível que chamamos de "Síndrome de Mulher Maravilha".

    Ao ter seu pezinho preso nesta rede de metas e expectativas impossíveis, a mulher vai se esquecendo que na vida real efeitos especiais não ocorrem e que atingir uma performance como a da personagem exigiria de nós os poderes extra e sobre humanos que  Diane Prince - a "Super Mulher" - tem e que nós  não temos.

    Então, a cilada que nos pega é: não temos os super-poderes que ela tem - força física sobre-humana, braceletes anti-rajadas, tiara de proteção, laço mágico indestrutível, etc - e temos tarefas domésticas, conjugais e familiares que ela não tem.

    A conta não fica justa. É uma equação inviável.

    No teste de realidade da aplicação do modelo-de-mulher-maravilha-para-mulheres-humanas  fica uma diferença que jamais seremos capazes de cobrir. Uma diferença  perigosa que  vai sugando-nos as energias, tirando nossa força vital e expondo a saúde e até a vida de quem se mete a tornar real este modelo.

    Lembrando-nos ainda, que trata-se de um modelo e de uma síndrome que nasce do fascínio norte-americano por tudo o que é artificial e tolinho e da  vulnerabilidade mundial  em copiá-los nestes valores doentios. 

    Resta- nos entender por que demos gancho, por que entramos neste caminho?

    Será que foi porque em algum momento achamos que só poderíamos ser amadas se fossemos  SUPER: super-mães, super-esposas, super-profissionais, super-poderosas, super-atraentes, etc?

    Será que foi para darmos encaixe e estarmos a altura dos - também ilusórios - Super-Homens?

    Para criarmos o Super-Casal com suas Super-Crianças? Educando seus Super Filhos/as? - A nova geração de Supers?

    Talvez, ambos - homens e mulheres -  tenhamos caido na mesma armadilha que nos dizia que sermos simplesmente humanos não nos bastava.

    Brincamos de ser Deus e a vida tem nos mostrado quem é quem. Que só Deus é Deus e só Ele tudo pode. Que super-heróis não existem.

    Creio que movidos por ideologias de massa, ideologias  consumistas que o tempo todo apregoam que o prazer está na novidade, no fantástico, tenhamos chegado a acreditar que só poderíamos ser amados/as, admirados/as, não abandonados/as e não rejeitados/as se fossemos muito além daquilo que com equilíbrio conseguimos ser.

    Que, do contrário, não seríamos bons/boas o  bastante para obtermos o prêmio do bem-querer.

    Esta é a armadilha: queremos ser amados/as e fizeram-nos acreditar que isto só nos seria dado se fossemos "super" em alguma coisa e de preferência em tudo.

    Deste modo, penso que tentamos criar coletivamente um Super-Eu artificial,  os Super-indivíduos, um duplo, um Outro-Eu que nos viabilizasse alguma suposta garantia de amor, aquietando nosso coração e dando-nos esperança de acolhimento, respeito e felicidade.

    Este Super-Eu não pode ter tristezas nem fragilidades.
    Dai, a enorme quantidade de anti-depressivos e ansiolíticos ingeridos por aqueles/as que não conseguem por si mesmos alcançar estas desnaturadas metas; e a enorme quantidade de todas as outras drogas utilizadas, atualmente, para dar sustentação a este falso-Eu, a este Super-Eu artificial.

    Embora tenha custado a vida de muita gente, o lado bom desta fase maníaca coletiva é que pouco-a-pouco fomos testando nossos limites. Tomando consciência que não existem heróis vivos.

    Sair desta destrutiva ciranda, movida pela baixa consciência do próprio valor, requer arriscar as relações e vínculos baseados em Super-expectativas.

    Requer coragem e o consciencioso trabalho de reconstrução da auto-confiança e da confiança no fluxo da vida, que em algum momento foram feridos e danificados. 

    Assim sendo, creio que cabe-nos tão somente a humilde renúncia às nossas ilusões como  Super-Seres e uma volta à nossa condição terrena de humanos/as, com dificuldades e potencialidades.

    Jamais, super-heróis ou super- heroínas, seja lá do que for: do lar, da família da profissão ou da sociedade.

    Lembrando-nos de que "humildade" é um preceito bíblico e que a palavra vem do latim humus, de onde também derivam humilde, humanidade, homem (Homo sapiens) e que faz referência à eterna ligação e submissão do ser humano à terra, à natureza e suas regras inexoráveis.

    Levando-nos isto à conclusão de que somente o retorno humilde ao que é terreno, possível e equilibrado nos permitirá o reencontro com o que é curativo, fértil, criativo. Assim como, com a própria  força da vida e a alegria de viver.

    Esta renúncia é também um ato de fé.



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Todos os Direitos Reservados*.
Lei nº 9.610/98 - Lei de Direitos Autorais

Este texto pode ser reproduzido desde que se faça referência à autora e à fonte.
Modo de citação sugerido:
Ferreira, Valéria Giglio - Blog AMAR- EDUCAÇÃO CONJUGAL E FAMILIAR     

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Carta às mulheres

  
 
  Acredito que o movimento feminista alavancou a história, tirou os seres humanos do caquético patriarcado.
    Mostrou que podemos ser fortes, criativas, boas profissionais, que sabemos vencer no mercado de trabalho, até então, reduto masculino. Já provamos, enquanto gênero, que somos capazes.
    Mas, o que ora  questiono é se já não é tempo de resgatarmos a sabedoria feminina entendendo que agir como os homens agiriam nem sempre funciona para nós. 
Principalmente ao lidarmos com eles.
    Lembro-me de que a maioria das mães, tias e avós do passado aprendiam e ensinavam algo que elas chamavam de "sabedoria de lidar com o marido". Era um repertório de dicas e práticas que compunham uma espécie de "arte milenar feminina". Esta "arte" era  dirigida às jovens e esposas e havia sido acumulada ao longo dos séculos através do exercício em lidar com a relação a dois.
    Entretanto, depois do movimento feminista toda esta sapiência começou a ser considerada como sendo um conhecimento menor, "coisa de mulherzinha".
    Penso que ao buscarem o seu reconhecimento no mundo masculino, negando sua natureza, mais uma vez, as mulheres se desprezaram. Desprezaram seu modo de agir e de lidar com o mundo e com o sexo oposto.
    No pós-feminismo, muito se questionou e muitas desta  questões são, a meu ver, justas e pertinentes. Em algumas saímos vencedoras, noutras, ainda estamos em nossa luta por relações simétricas.
    Na área das parcerias amorosas as indagações davam conta de colocar em cheque o domínio masculino.  A questão clássica era "...por que só os homens podem tomar a iniciativa, por que, por exemplo, as mulheres não podem tirar um homem para dançar? "
    Neste contexto, gostaria de ponderar que a questão não é a de poder ou não tirá-los para dançar, poder tirá-los para dançar as mulheres podem, mas, isto não é eficaz, não funciona,  nem é necessário.
    Se tomarmos como princípio que as espécies tem sua forma de cortejar e que na dança do casal a mulher induz e o homem conduz, então, ir até o parceiro e tirá-lo para dançar afastaria a mulher de seu movimento natural aumentando as chances de ouvir um não por parte dele. Ela poderia tentar induzi-lo até ela, mas, o problema é que ao tentarem ficar iguais aos homens desprezando a sua natureza feminina as mulheres se tornaram péssimas indutoras.
    É bem verdade que muitas mães e avós do tempo antigo ensinavam submissão, auto-depreciação e outras coisas que acabavam com a auto-estima feminina, mas, também ensinavam coisas boas para a vida prática conjugal.
    O conceito psicológico sistêmico de não repetir inclui pegar o que havia de bom no modelo antigo e mudar o que havia de ruim,  criando um terceiro modelo.
    Creio que de bom, entre outras coisas, algumas de nossas mães, tias e vovós tentavam ensinar às suas descendentes como induzir o parceiro na dança do casal. Ensinavam coisas do tipo: escolher a melhor hora para falar, o melhor jeito de falar, etc.
    Contudo, ao ouvirem isto algumas  mulheres dizem: "...mas, por que nós é que temos que fazer todo este esforço, dar tantas voltas; por que não, eles fazerem isto?...Credo que cansativo!.. Ah, é melhor sermos diretas e pronto!"
    Diante desta fala sempre me lembro de uma situação relatada por Amyr Klink em um de seus livros. Conta ele que saiu da Namíbia, na costa da África e pretendia vir para o Brasil, na altura da Bahia. Olhando para o mapa podemos perceber que uma linha reta poderia trazê-lo aqui. No entanto, o "navegador solitário" escolheu outro caminho: subiu com sua embarcação até a parte superior da África e só depois desceu para a Bahia. Seu percurso aumentou em vários quilômetros. Mas, por quê?
    Porque ao vir em linha reta daquele ponto da África até o Brasil ele navegaria contra as correntes marítimas: de cada x braçadas que desse para frente, o mar o faria voltar algumas tantas;  subindo até o alto do continente  africano para depois descer para cá, ele remaria a favor das correntes. Deste modo, teria na natureza do mar um aliado: para cada x braçadas que desse, a correnteza do mar daria outras tantas e o lançaria para mais perto de seu objetivo.
   Quero dizer que aquilo que  para muitas mulheres parece ser um "trabalhão enorme", na verdade, facilita o acesso ao parceiro e o alcance da  harmonização conjugal.
   Se a mulher tenta conduzir a relação, impor diretamente, confrontá-lo o tempo todo, falar como se fosse "o cara", a tendência do psiquismo masculino é a de entender que ele está diante de um opositor masculino, onde então, ele se arma e se defende. Mas, se como diziam as vovós, ela tenta "falar com jeito", ele tende a percebê-la como alguém que está buscando colaboração, portanto,  pode desarmar-se para encontrem juntos uma solução. Não me refiro aqui a ser boba, mas, a ser sábia: suave e firme. Lembrando a fala bíblica de que "a mulher sábia edifica sua casa, a tola a derruba com as mãos".
   É preciso respeitar e se aliar às forças naturais de cada ser.
   Homens em geral, são diretos, claros.
   Mulheres são - por sua própria anatomia - cheias de curvas, de sinuosidades, de mistérios. Dizemos que a energia feminina é como a água e não como a pedra.  A água que encontra a pedra a contorna por cima, pelos lados ou por baixo e segue em busca de seu objetivo. A pedra quando encontra outra pedra, se choca com ela e ficam ali estagnadas.
    Esta energia feminina de induzir é tão poderosa que até a sabedoria popular criou lendas que sirvam de alerta sobre os seus perigos.
    Uma desta lendas é a do Canto das Sereias. Esta lenda me parece a descrição exata do mal uso desta energia, onde, então, a Sereia canta para atrair os marinheiros desprevenidos e levá-los para dentro de suas traiçoeiras águas.
    Energias em si, não são boas nem más. Como elas são  usadas é que define o sinal.
    Penso que nem homens e nem mulheres podem deixar de estar cientes da energia feminina e seu poder de construção ou de destruição - como no caso da lenda em que as astutas "sereias" as usam para ludibriar os homens, tirá-los de seu caminho.
    Porém, esta mesma energia feminina  também pode ser usada para o bem, para favorecer o entendimento, a  união e a coesão da mulher com o parceiro e com a família.
    Mas, ao insistirem em olhar tudo o que é feminino como algo menor, muitas mulheres - sem perceberem - menosprezam a força desta energia, e portanto,  perpetuam  valores do machismo.
   Ao se envergonharem de serem boas donas-de-casa, de gostarem de cuidar do lar, do marido e dos filhos/as - como se isto fosse algo menos importante do que o seu trabalho - elas permanecem sendo machistas. Adotam para si uma visão machista de mundo, valorizando tudo o que é masculino e desvalorizando o mundo feminino. Afastam-se de si-mesmas e daquilo que também as faz  felizes e completas.
    Acredito que o movimento feminista trouxe benefícios valiosos e irrevogáveis. Entretanto, talvez já seja hora - não, de voltarmos em massa para casa,  pois, segundo alguns economistas isto quebraria o mercado - mas, de resgatarmos o que ficou para trás: a alegria, a sabedoria e o prazer de sermos e agirmos como mulheres!
    - Hora de despertar!
Abraço afetuoso,
 
Valéria 


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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dos casamentos inquebrantáveis às relações quebradiças.

    Durante muito tempo vigorou  o regime de relações conjugais impedidas de se quebrarem por imposição da lei.
     Considerações políticas e econômicas à parte, vale lembrar que o casamento patriarcal tinha como um de seus principais objetivos assegurar a manutenção e ampliação do patrimônio e gerar filhos/as que herdassem o mesmo - lembrando que, historicamente, nem sempre a lei permitiu que mulheres se tornassem herdeiras do que quer que fosse.
     Era - ou ainda é - um tempo em que cada um valia pelo que tinha, portanto, quanto mais o indivíduo tivesse em bens, mais alto o seu reconhecimento social.
     O patrimônio não podia ser dividido por conta de "frivolidades amorosas". Gostando ou não, a relação conjugal tinha que continuar, nem que fosse de fachada ou pela força da lei.
     Muitas das soluções para resolver o dilema amor-patrimônio passavam pela triangulação com amantes.
     A situação ficava dividida mais ou menos assim: para a esposa, os herdeiros e a honra, mas,  sem o prazer; e para as amantes, o sexo e o prazer, mas, sem a honra e com a desonra das relações ilegítimas.
     Era também o tempo da cisão entre amor e sexo, que nem sempre estavam  juntos nos relacionamentos de outrora.
     Dizemos que no patriarcado, as mulheres tinham que escolher  entre a honra das  mães de família ou o prazer das prostitutas.
     E que os homens tinham que escolher  entre a virilidade, a dureza dos machões ou a afetividade e a fidelidade dos chamados "camisolões " - homens mais voltados para  lar, para a esposa e para os filhos/as e que eram ridicularizados pelos outros homens e pela sociedade.
    Não se podia ter ambos: honra e prazer, virilidade e afetividade/fidelidade. Era uma época de indivíduos divididos, desterritorializados, exilados de sua inteireza humana.   
    Ok. Fez parte do processo histórico.
    O tempo passou e as experiências humanas mostraram que ter coisas, ter bens não substitui a necessária e desejável busca do ser humano por afeto, intimidade, satisfação a dois.
     Na década de 70, veio a  libertadora lei do divórcio abrindo a possibilidade de substituir o "inquebrantável" casamento por patrimônio pelo casamento por amor. Desde então, quem  concluir que "não ama mais" passou a poder assumir uma nova escolha de parceria conjugal.
     O que começou timidamente com um ou outro caso de separação foi gradativamente ganhando terreno e   virou epidemia social.
     Esta "epidemia de divórcios" é possivelmente consequência de vários fatores.
     Entre eles aponto alguns:
     -  O despreparo e até a infantilidade de algumas pessoas para fazerem uso das prerrogativas da lei, para fazerem uso da liberdade a que todo ser humano deve ter direito.
     -  A existência de traumas e angústias vindos de relações parentais rompidas ou tumultuadas nas gerações anteriores.
     - Compromissos e repetições insconscientes que afastam o sujeito do caminho da felicidade.
     -  Muita gente perdida em função das mudanças de modelo de casal e família e sem saberem muito bem por onde ir nas relações amorosas atuais.
     -  O culto ao individualismo que assolou a mentalidade do mundo moderno .
     -  As idealizações hollywoodianas sobre o que sejam as "parcerias ideais"  fazendo com que as parcerias reais pareçam insossas e desprezíveis. Ou seja, ao compararem seus romances com os de Hollywood, algumas pessoas concluem equivocadamente que,  se seu relacionamento não parece um filme em 3D,  é porque  não é  emocionante, não é amor. Este equívoco as leva a descartarem  relações potencilmente boas, mas  reais - ou seja, com dificuldades e possibilidades.
     -  O triste afastamento do ser humano daquilo que é simples e essencial.
     -  O medo profundo da "entrega" que a relação a dois pressupõe e para a qual o ser humano ainda está se estruturando. 
       E  finalmente, a ocorrência de mecanismos "enantiodrômicos" através dos quais uma situação extrema chama o seu outro extremo.
     A questão é complexa.  
     Neste momento, gostaria de abordar dois desses aspectos.
     O primeiro:
     Me parece que algumas pessoas,  movidas por um tipo insano de mídia, se comportam com o casamento - sem se darem conta disto - como se fossem crianças pequenas experimentando a caixa de lápis de cor: "ah! experimentei este e não gostei quero experimentar outro/a, e outro/a, e outro/a..." Fazem experimentação conjugal sem a noção exata das consequências, principalmente para os filhos/as, mas, para a própria pessoa também.
     Sou claramente a favor de que haja o direito à separação conjugal. Mas, para casos em que ela seja "indicada". Esta indicação, claro, feita pelo próprio casal que tenha chegado a esta conclusão, depois da vasta constatação de que não querem mais trilhar  juntos o caminho da felicidade.
    O que não pode é usar o recurso da separação - que considero uma espécie de remédio tarja preta para patologias amorosas - como se fosse um remédio corriqueiro a que se tem acesso sem muitas restrições. É preciso considerar que entre ficar a todo custo numa relação ruim e se divorciar em 24h há  todo um repertório de outras possíveis buscas, inclusive as terapias conjugais e familiares.
    Mas... ficou rápido se separar. Pensar dói e ir ao juiz parece doer menos do que tomar consciência de até onde cada cônjuge participou/participa dos encaixes disfuncionais de seu casamento.
    O divórcio passou a ser uma solução aparentemente fácil e ao alcance de todos. Este é segundo aspecto que  gostaria de abordar.
    Para isto, evoco o antigo conceito de "enantiodromia" - que  pode ser entendido como o movimento de migrar de um extremo ao outro, ir de um polo ao outro. Passar de um comportamento radical à direita para um radical à esquerda. É uma espécie de mecanismo compensador  em que tudo o que vai a um extremo atrai o seu extremo oposto.


   Para dar um exemplo da enantiodromia agindo nas relações amorosas atuais, lembro-me de uma pesquisa em que, num cartório, observou-se que uma grande quantidade de esposas estavam pedindo rapidamente a separação conjugal. Os pesquisadores intrigados foram verificar o histórico destes pedidos de separação e encontraram alí  mulheres cujas mães haviam "aguentado" por anos a fio casamentos insuportáveis. Sua mensagem para as suas filhas era: "não aguente nada, chute o balde ao primeiro dissabor".
   Assim, possivelmente como parte da transição das relações conjugais patriarcais para as relações conjugais contemporâneas, a sociedade esteja indo do extremo conservadorismo antigo ao extremo desapego relacional moderno.
   Se as mulheres estão fazendo o seu papel nisto há também a complementação masculina deste cenário.
   O que vemos é que, depois de séculos de casamentos inquebrantáveis surgiram os casamentos quebradiços.
   Talvez já seja hora de buscarmos o equilíbrio da balança!



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