Celebre e agradeça a vida como grande bênção...

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Deus ilumine o Brasil e o mundo, em nome de Jesus Cristo! Amém!

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Parabéns, Srs. juizes...Continuem assim. Cuspam bastante na cara do povo...Ignorem bastante o sofrimento do povo saqueado e, depois, acertem as suas contas com o Universo: vocês e seus\suas comparsas em roubar a população. Mas, não se enganem: o Universo, a seu tempo, fará a justiça prevalecer...

sábado, 3 de março de 2012

ALGUMAS LINHAS SOBRE A AUTOESTIMA

 Por Valéria Giglio Ferreira - Psicóloga

A construção da autoestima remonta ao início das relações da criança com sua mãe, seu pai e também com sua família de origem.

Uma criança que nasce é, por assim dizer, um/a desconhecidinho/a que se insere no meio do grupo familiar.

Como o ser humano tem dificuldades de lidar com o desconhecido, assim que a criança mostra sua carinha, os familiares começam um processo de atribuir ao pecurrucho/a características familiares - qualidades ou defeitos.

O objetivo - via de regra inconsciente - desta atitude é o de tornar o  desconhecidinho/a que chegou, um pouco mais conhecido da família, ou por outra, de reconhecê-lo como alguém pertencente ao grupo e não como um estranho alí colocado.

Este processo se dá da seguinte maneira: os familiares olham para o pimpolho/a recém-nascido/a e começam a dizer, "- olha este bebê é a cara da vovó fulana", " - ah!, mas, o nariz é de cicrano", e assim, vão atribuindo características físicas à criança.

Das características físicas, os parentes passam às psicológicas: "...é alegre como a mãe, calminha como o pai, chorão como o tio", etc.

Mas, o fato é que estas são apenas associações que os parentes fazem entre a criança e este ou aquele membro do grupo e não quer dizer que a criança seja, de fato, aquilo que falam dela. O termo técnico para este mecanismo é projeção.

Isto me faz lembrar da cena em que uma mãe e sua criança de colo vinham da feira e a mãe disse à colega:
"- Ah! esse menino vai ser muito pão-duro!"
Ao que a colega respondeu:
"- Por que você acha isto?"
E a mãe falou:
"- Ah! Porque toda vez que eu ia pagar ele chorava!".

Isto exemplifica o mecanismo de projeção atuando na relação mãe-bebê. A mãe coloca na criança, material psíquico dela mãe. E atribui a característica à criança !!! 

Cada um se dá o direito de colocar no indefeso infante a característica que quiser, principalmente, pelo fato de que a criança não tem recursos nem discernimento para recusar essas projeções, como poderia fazer um adulto, respondendo: "...não concordo com a sua maneira de me ver, eu não sinto que eu seja isto." E então, assunto encerrado!

Neste caso, assunto encerrado porque a projeção só funciona se a pessoa-alvo a acolher, isto é, se a pessoa a quem se dirigiu a projeção tomá-la para si. Se a pessoa recusá-la não há aderência à projeção, portanto, ela  não cola na pessoa.

Mas, o fato é que a criança, pelo óbvio, não pode fazer isto. Então, a criança acolhe a projeção dos adultos sobre ela e como ainda não possui um "ego adulto", ou seja, um grau razoável de auto-conhecimento, irá atuar a partir do que contam para ela que ela é.

Deste modo, as crianças, em geral, não só acolhem as projeções dos adultos sobre elas, como passam a agir a partir dessas informações que eles lhe trouxeram a respeito de quem são suas pessoinhas.

O problema está no fato que, incontáveis vezes, são projetadas nas crianças aquelas características que os adultos rejeitam em si próprios. Eles não são isto ou aquilo, mas....a criança é - e está dito!

Neste ponto, a rotulação está pronta para começar seus descaminhos.

Lembrando que os rótulos são sempre ruins; e são ruins porque restringem as possibilidades de raciocínios  e de respostas comportamentais: a pessoa rotulada se sente inconscientemente "obrigada" a atuar do modo como o seu rótulo preconiza.

Rótulos negativos e rótulos positivos são ambos ruins, pois, como dizia Dante, "o rótulo é uma prisão".

A pessoa que entrar num, certamente, terá dificuldades de sair dele.

É assim  com os rótulos que nos colocam  e também com os que, eventualmente, colocamos nos outros.

Neste sentido, tenho enfatizado aos pais e mães que não rotulem, nem permitam a rotulação de suas crias.

Entretanto, este processo de atribuir características projetivas aos bebês e às crianças é, em geral, inconsciente e faz parte de muitas das dinâmicas familiares. A questão é que eles precisam ser conscientizados e evitados.

Então, a partir do que contam para a criança que ela é, é que a criança vai, aos poucos, construindo sua auto-imagem: positiva ou negativa.

Este espelhar para o outro quem a pessoa acha que o outro é, é chamado por alguns profissionais de psicologia de "fazer o espelho positivo ou fazer o espelho negativo para o outro".

De modo geral, os pais e mães ainda não sabem bem ao certo como fazer este espelhamento e, muitas vezes, se atrapalham com a relação elogiar X criticar a criança.

Havendo muitas falas negativas, a auto-imagem da criança tende a se tornar negativa; havendo muitas falas positivas a auto-imagem tende a se tornar positiva.

Mas, algumas crianças conseguem re-significar as falas destrutivas dos adultos.

São raros os casos, mas, darei um exemplo:

Durante muitos anos, dei aulas para crianças. Numa das salas, elas tinham por volta de nove ou dez anos de idade; então, um dia, um menininho a quem chamavam de bagunceiro (esse era o rótulo que já estava sendo colado nele), sentado perto de minha mesa, tendo terminado rapidamente sua tarefa, voltou-se para mim e me disse:
"- Sabe, tia, todo mundo aqui na escola, e também lá em casa, diz que eu sou inquieto. Eu não sou inquieto, eu sou é um cara dinâmico!"

- Amei!!! 

Este é um caso raro de, ainda na infância, a pessoa conseguir re-significar o rótulo negativo, dando-lhe uma conotação positiva.

Em geral, ainda hoje, temos uma grande quantidade de pessoas que seguem a vida toda presas às rotulagens que-lhes colaram na testa num tempo tão remoto de suas vidas que o início desse processo se perdeu nos recônditos da sua memória.

Ficando destas rotulagens somente os sintomas e o sofrimento que elas provocam.

A maioria das pessoas só alcança a meta de rever os rótulos e o script de comportamento que os acompanha  e mantém, lá na vida adulta. Muitos, somente com intervenção psicoterapêutica.

Neste contexto, uma pergunta que gosto de fazer aos meus/minhas pacientes é: " - Você é assim, ou,  será que foi treinado/a para ser assim?"

Costumeiramente, algumas projeções procedem e outras, definitivamente, não.
 
Separar o joio do trigo, separar o que é meu do que é seu, é tarefa que começa na adolescência e segue para a maturidade, às vezes, por toda a existência.

Como já foi dito, na fase adulta, por já se conhecer um pouco, o sujeito ganha a possibilidade de questionar sua história: "...sempre me disseram que sou de tal jeito, mas, não me sinto tanto assim, então, acho que não é bem como me falaram...". Ou, "...será que eu reagia daquela forma, porque naquele ambiente eu precisava agir assim, por adaptação, por defesa ou por um mecanismo de sobrevivência psíquica? Mas, não, que eu seja assim...", etc.

É somente quando ganhamos a possibilidade de questionar os rótulos que nos colaram na face, numa época em que não tinhamos como nos defender deles, que conseguimos deles nos livrar.
   
Quando estas atribuições de características projetivas feitas ao bebê e à criança não procedem, não estão de acordo com a realidade interna do indivíduo, pode ocorrer a sensação de falso-eu, ou, de um eu que não corresponde à imagem que dele se faz, seja para menos, seja para mais.   

São as chamadas distorções de auto-imagem.

Elas são como aqueles espelhos dos parques de antigamente em que a pessoa se via mais magra ou mais gorda do que na realidade.

A auto-imagem distorcida é a produzida pelo espelho que diminui ou pelo que aumenta a pessoa real, isto é,  aquela em que o sujeito fica subestimado ou superestimado.

Somente o questionar do indivíduo será capaz de desconstruir qualquer equívoco de imagem que, ao longo de sua história tenha sido formado, permitindo que ele se desfaça daquilo que não identifica como seu e reafirme o que - lhe pertence, triando, apurando e ampliando suas características para além daquilo que lhe fora atribuido de fora para dentro.

É também um trabalho de libertar-se, de trazer sua referência de mundo, sua bússola para dentro de si e de deixar de  funcionar de fora para dentro para funcionar de dentro para fora.

É o trabalho de diferenciar-se, individuar-se, iluminar-se.

Creio que estas sejam algumas das bases e das fundações sobre as quais se constroem os pilares e as paredes da má ou da boa auto-estima.  

As paredes da casa que irá abrigar o Eu.

Um Eu que ao longo da vida precisará ser, inúmeras vezes, revisto e a cada novo olhar, certamente, novos e encantadores mistérios dele se revelarão.  


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Modo de citação sugerido:
Ferreira, Valéria Giglio - Blog AMAR- EDUCAÇÃO CONJUGAL E FAMILIAR     
                                                 

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Valéria Giglio Ferreira
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