CARTA ÀS MULHERES
Acredito que o movimento feminista, realmente, tenha alavancado a história humana e retirado nossa espécie do caquético patriarcado.
Mostrado que podemos ser fortes, criativas, boas profissionais, que sabemos vencer no mercado de trabalho, até então, reduto masculino. Já provamos, enquanto gênero, que somos capazes.
Mas, o que ora questiono é se já não é tempo de resgatarmos a sabedoria feminina entendendo que agir como os homens agiriam nem sempre funciona para nós.
Principalmente ao lidarmos com eles.
Lembro-me de que a maioria das mães, tias e avós do passado aprendiam e ensinavam algo que elas chamavam de "sabedoria de lidar com o marido". Era um repertório de dicas e práticas que compunham uma espécie de "arte milenar feminina". Esta "arte" era dirigida às jovens e esposas e havia sido acumulada ao longo dos séculos através do exercício em lidar com a relação a dois.
Entretanto, depois do movimento feminista toda esta sapiência começou a ser considerada como sendo um conhecimento menor, "coisa de mulherzinha".
Penso que ao buscarem o seu reconhecimento no mundo masculino, negando sua natureza, mais uma vez, as mulheres se desprezaram. Desprezaram seu modo de agir e de lidar com o mundo e com o sexo oposto.
No pós feminismo, muito se questionou e muitas desta questões são, a meu ver, justas e pertinentes. Em algumas saímos vencedoras, noutras, ainda estamos em nossa luta por relações simétricas.
Na área das parcerias amorosas as indagações davam conta de colocar em cheque o domínio masculino. A questão clássica era "...por que só os homens podem tomar a iniciativa, por que, por exemplo, as mulheres não podem tirar um homem para dançar? "
Neste contexto, gostaria de ponderar que a questão não é a de poder ou não tirá-los para dançar, poder tirá-los para dançar as mulheres podem, mas, isto não é eficaz, não funciona, nem é necessário.
Se tomarmos como princípio que as espécies tem sua forma de cortejar e que na dança do casal a mulher induz e o homem conduz, então, ir até o parceiro e tirá-lo para dançar afastaria a mulher de seu movimento natural aumentando as chances de ouvir um não por parte dele. Ela poderia tentar induzi-lo até ela, mas, o problema é que ao tentarem ficar iguais aos homens desprezando a sua natureza feminina as mulheres se tornaram péssimas indutoras.
É bem verdade que muitas mães e avós do tempo antigo ensinavam submissão, autodepreciação e outras coisas que acabavam com a autoestima feminina, mas, também ensinavam coisas boas para a vida prática conjugal.
O conceito psicológico sistêmico de não repetir inclui pegar o que havia de bom no modelo antigo e mudar o que havia de ruim, criando um terceiro modelo.
Creio que de bom, entre outras coisas, algumas de nossas mães, tias e vovós tentavam ensinar às suas descendentes como induzir o parceiro na dança do casal. Ensinavam coisas do tipo: escolher a melhor hora para falar, o melhor jeito de falar, etc.
Contudo, ao ouvirem isto algumas mulheres dizem: "...mas, por que nós é que temos que fazer todo este esforço, dar tantas voltas; por que não, eles fazerem isto?...Credo que cansativo!.. Ah, é melhor sermos diretas e pronto!"
Diante desta fala sempre me lembro de uma situação relatada por Amyr Klink em um de seus livros. Conta ele que saiu da Namíbia, na costa da África e pretendia vir para o Brasil, na altura da Bahia. Olhando para o mapa podemos perceber que uma linha reta poderia trazê-lo aqui. No entanto, o "navegador solitário" escolheu outro caminho: subiu com sua embarcação até a parte superior da África e só depois desceu para a Bahia. Seu percurso aumentou em vários quilômetros. Mas, por quê?
Porque ao vir em linha reta daquele ponto da África até o Brasil ele navegaria contra as correntes marítimas: de cada x braçadas que desse para frente, o mar o faria voltar algumas tantas; subindo até o alto do continente africano para depois descer para cá, ele remaria a favor das correntes. Deste modo, teria na natureza do mar um aliado: para cada x braçadas que desse, a correnteza do mar daria outras tantas e o lançaria para mais perto de seu objetivo.
Quero dizer que aquilo que para muitas mulheres parece ser um "trabalhão enorme", na verdade, facilita o acesso ao parceiro e o alcance da harmonização conjugal.
Se a mulher tenta conduzir a relação, impor diretamente, confrontá-lo o tempo todo, falar como se fosse "o cara", a tendência do psiquismo masculino é a de entender que ele está diante de um opositor masculino, onde então, ele se arma e se defende. Mas, se como diziam as vovós, ela tenta "falar com jeito", ele tende a percebê-la como alguém que está buscando colaboração, portanto, pode desarmar-se para encontrem juntos uma solução. Não me refiro aqui a ser boba, mas, a ser sábia: suave e firme. Lembrando a fala bíblica de que "a mulher sábia edifica sua casa, a tola a derruba com as mãos".
É preciso respeitar e se aliar às forças naturais de cada ser.
Homens em geral, são diretos, claros.
Mulheres são - por sua própria anatomia - cheias de curvas, de sinuosidades, de mistérios. Dizemos que a energia feminina é como a água e não como a pedra. A água que encontra a pedra a contorna por cima, pelos lados ou por baixo e segue em busca de seu objetivo. A pedra quando encontra outra pedra, se choca com ela e ficam ali estagnadas.
Esta energia feminina de induzir é tão poderosa que até a sabedoria popular criou lendas que sirvam de alerta sobre os seus perigos.
Uma desta lendas é a do Canto das Sereias. Esta lenda me parece a descrição exata do mal uso desta energia, onde, então, a Sereia canta para atrair os marinheiros desprevenidos e levá-los para dentro de suas traiçoeiras águas.
Energias em si, não são boas nem más. Como elas são usadas é que define o sinal.
Penso que nem homens e nem mulheres podem deixar de estar cientes da energia feminina e seu poder de construção ou de destruição - como no caso da lenda em que as astutas "sereias" as usam para ludibriar os homens, tirá-los de seu caminho.
Porém, esta mesma energia feminina também pode ser usada para o bem, para favorecer o entendimento, a união e a coesão da mulher com o parceiro e com a família.
Mas, ao insistirem em olhar tudo o que é feminino como algo menor, muitas mulheres - sem perceberem - menosprezam a força desta energia, e portanto, perpetuam valores do machismo.
Ao se envergonharem de serem boas donas de casa, de gostarem de cuidar do lar, do marido e dos filhos/as - como se isto fosse algo menos importante do que o seu trabalho - elas permanecem sendo machistas. Adotam para si uma visão machista de mundo, valorizando tudo o que é masculino e desvalorizando o mundo feminino. Afastam-se de s -mesmas e daquilo que também as faz felizes e completas.
Acredito que o movimento feminista trouxe benefícios valiosos e irrevogáveis. Entretanto, talvez já seja hora - não, de voltarmos em massa para casa, pois, segundo alguns economistas isto quebraria o mercado - mas, de resgatarmos o que ficou para trás: a alegria, a sabedoria e o prazer de sermos e agirmos como mulheres!
- Hora de despertar!
Abraço afetuoso,
Valéria www.amar.psc.br
Acredito que o movimento feminista, realmente, tenha alavancado a história humana e retirado nossa espécie do caquético patriarcado.
Mostrado que podemos ser fortes, criativas, boas profissionais, que sabemos vencer no mercado de trabalho, até então, reduto masculino. Já provamos, enquanto gênero, que somos capazes.
Mas, o que ora questiono é se já não é tempo de resgatarmos a sabedoria feminina entendendo que agir como os homens agiriam nem sempre funciona para nós.
Principalmente ao lidarmos com eles.
Lembro-me de que a maioria das mães, tias e avós do passado aprendiam e ensinavam algo que elas chamavam de "sabedoria de lidar com o marido". Era um repertório de dicas e práticas que compunham uma espécie de "arte milenar feminina". Esta "arte" era dirigida às jovens e esposas e havia sido acumulada ao longo dos séculos através do exercício em lidar com a relação a dois.
Entretanto, depois do movimento feminista toda esta sapiência começou a ser considerada como sendo um conhecimento menor, "coisa de mulherzinha".
Penso que ao buscarem o seu reconhecimento no mundo masculino, negando sua natureza, mais uma vez, as mulheres se desprezaram. Desprezaram seu modo de agir e de lidar com o mundo e com o sexo oposto.
No pós feminismo, muito se questionou e muitas desta questões são, a meu ver, justas e pertinentes. Em algumas saímos vencedoras, noutras, ainda estamos em nossa luta por relações simétricas.
Na área das parcerias amorosas as indagações davam conta de colocar em cheque o domínio masculino. A questão clássica era "...por que só os homens podem tomar a iniciativa, por que, por exemplo, as mulheres não podem tirar um homem para dançar? "
Neste contexto, gostaria de ponderar que a questão não é a de poder ou não tirá-los para dançar, poder tirá-los para dançar as mulheres podem, mas, isto não é eficaz, não funciona, nem é necessário.
Se tomarmos como princípio que as espécies tem sua forma de cortejar e que na dança do casal a mulher induz e o homem conduz, então, ir até o parceiro e tirá-lo para dançar afastaria a mulher de seu movimento natural aumentando as chances de ouvir um não por parte dele. Ela poderia tentar induzi-lo até ela, mas, o problema é que ao tentarem ficar iguais aos homens desprezando a sua natureza feminina as mulheres se tornaram péssimas indutoras.
É bem verdade que muitas mães e avós do tempo antigo ensinavam submissão, autodepreciação e outras coisas que acabavam com a autoestima feminina, mas, também ensinavam coisas boas para a vida prática conjugal.
O conceito psicológico sistêmico de não repetir inclui pegar o que havia de bom no modelo antigo e mudar o que havia de ruim, criando um terceiro modelo.
Creio que de bom, entre outras coisas, algumas de nossas mães, tias e vovós tentavam ensinar às suas descendentes como induzir o parceiro na dança do casal. Ensinavam coisas do tipo: escolher a melhor hora para falar, o melhor jeito de falar, etc.
Contudo, ao ouvirem isto algumas mulheres dizem: "...mas, por que nós é que temos que fazer todo este esforço, dar tantas voltas; por que não, eles fazerem isto?...Credo que cansativo!.. Ah, é melhor sermos diretas e pronto!"
Diante desta fala sempre me lembro de uma situação relatada por Amyr Klink em um de seus livros. Conta ele que saiu da Namíbia, na costa da África e pretendia vir para o Brasil, na altura da Bahia. Olhando para o mapa podemos perceber que uma linha reta poderia trazê-lo aqui. No entanto, o "navegador solitário" escolheu outro caminho: subiu com sua embarcação até a parte superior da África e só depois desceu para a Bahia. Seu percurso aumentou em vários quilômetros. Mas, por quê?
Porque ao vir em linha reta daquele ponto da África até o Brasil ele navegaria contra as correntes marítimas: de cada x braçadas que desse para frente, o mar o faria voltar algumas tantas; subindo até o alto do continente africano para depois descer para cá, ele remaria a favor das correntes. Deste modo, teria na natureza do mar um aliado: para cada x braçadas que desse, a correnteza do mar daria outras tantas e o lançaria para mais perto de seu objetivo.
Quero dizer que aquilo que para muitas mulheres parece ser um "trabalhão enorme", na verdade, facilita o acesso ao parceiro e o alcance da harmonização conjugal.
Se a mulher tenta conduzir a relação, impor diretamente, confrontá-lo o tempo todo, falar como se fosse "o cara", a tendência do psiquismo masculino é a de entender que ele está diante de um opositor masculino, onde então, ele se arma e se defende. Mas, se como diziam as vovós, ela tenta "falar com jeito", ele tende a percebê-la como alguém que está buscando colaboração, portanto, pode desarmar-se para encontrem juntos uma solução. Não me refiro aqui a ser boba, mas, a ser sábia: suave e firme. Lembrando a fala bíblica de que "a mulher sábia edifica sua casa, a tola a derruba com as mãos".
É preciso respeitar e se aliar às forças naturais de cada ser.
Homens em geral, são diretos, claros.
Mulheres são - por sua própria anatomia - cheias de curvas, de sinuosidades, de mistérios. Dizemos que a energia feminina é como a água e não como a pedra. A água que encontra a pedra a contorna por cima, pelos lados ou por baixo e segue em busca de seu objetivo. A pedra quando encontra outra pedra, se choca com ela e ficam ali estagnadas.
Esta energia feminina de induzir é tão poderosa que até a sabedoria popular criou lendas que sirvam de alerta sobre os seus perigos.
Uma desta lendas é a do Canto das Sereias. Esta lenda me parece a descrição exata do mal uso desta energia, onde, então, a Sereia canta para atrair os marinheiros desprevenidos e levá-los para dentro de suas traiçoeiras águas.
Energias em si, não são boas nem más. Como elas são usadas é que define o sinal.
Penso que nem homens e nem mulheres podem deixar de estar cientes da energia feminina e seu poder de construção ou de destruição - como no caso da lenda em que as astutas "sereias" as usam para ludibriar os homens, tirá-los de seu caminho.
Porém, esta mesma energia feminina também pode ser usada para o bem, para favorecer o entendimento, a união e a coesão da mulher com o parceiro e com a família.
Mas, ao insistirem em olhar tudo o que é feminino como algo menor, muitas mulheres - sem perceberem - menosprezam a força desta energia, e portanto, perpetuam valores do machismo.
Ao se envergonharem de serem boas donas de casa, de gostarem de cuidar do lar, do marido e dos filhos/as - como se isto fosse algo menos importante do que o seu trabalho - elas permanecem sendo machistas. Adotam para si uma visão machista de mundo, valorizando tudo o que é masculino e desvalorizando o mundo feminino. Afastam-se de s -mesmas e daquilo que também as faz felizes e completas.
Acredito que o movimento feminista trouxe benefícios valiosos e irrevogáveis. Entretanto, talvez já seja hora - não, de voltarmos em massa para casa, pois, segundo alguns economistas isto quebraria o mercado - mas, de resgatarmos o que ficou para trás: a alegria, a sabedoria e o prazer de sermos e agirmos como mulheres!
- Hora de despertar!
Abraço afetuoso,
Valéria www.amar.psc.br
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Grata.
Valéria Giglio Ferreira
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